Voltamos à polêmica da extinção da sacola plástica disponibilizada em supermercados, mercearias e diversos outros estabelecimentos. São os chamados materiais não bio-degradáveis, assim como as garrafas plásticas, vidros, pneus, latas, enfim, todo o material de difícil decomposição.
A primeira imagem que nos vêm à cabeça quando falamos de sacolas plásticas é a poluição de rios, o impacto na vida marinha em detrimento dos peixes mortos por absorverem grande quantidade de sacolas, e outros materiais plásticos confundindo com comida, o entupimento de bueiros, causando inundações.
Imaginar que proibir a distribuição de sacolas é a solução para um mundo ecologicamente correto pode não ser a mais adequada. As sacolas não aparecem nos rios sozinhas.
As pessoas são responsáveis pelo meio em que vivem. São responsáveis por jogar no meio ambiente produtos que têm conhecimento que hão demorar anos para se decompor.
Estamos sendo tratados como incapazes de lidar com o nosso próprio lixo, transferindo a responsabilidade ambiental para as empresas. Imaginem se cada vez que não se encontre a solução adequada, que os produtos sejam retirados de circulação?
Viveríamos em regime primitivo, pois as garrafas de pet, os pneus de nossos carros, latinhas, são materiais tão nocivos quanto as sacolas. No entanto, todos têm algo em comum: são materiais recicláveis.
Grande parte do problema da disposição das sacolas no meio ambiente está ligada à falta de conhecimento no descarte. Se reduzirmos a quantidade utilizada e se descartarmos adequadamente para que seja reciclada e reutilizada, teremos redução significativa nos in-sirnios à base de petróleo, menos gasto de energia, menos consumo de água, menos lixo nos aterros sanitários e mais empregos.
Não se trata de defender o uso das sacolas plásticas, mas saber quem é o responsável por ela no meio ambiente, assim como somos responsáveis por descartar adequadamente a garrafa de água que consumimos.
O processo é o mesmo e nem por isso se fala em reduzir o consumo de água para jogar menos garrafas no lixo. Tratamos aqui da consciência de todos em separar o “ lixo" do que não é ‘lixo”, de saber reutilizar os produtos. Uma sacola, assim como uma garrafa, pode ser utilizada várias vezes.
Um saco de papel, por exemplo, é descartado na primeira utilização, apesar da vantagem da decomposição mais rápida. Por isso, o impacto do aumento no consumo de outro produto em detrimento de redução na utilização das sacolas plásticas também deve ser avaliado.
A realidade atual é que não temos a cultura de levar produtos na mão. Fazer compras sem a comodidade de colocar seus produtos em uma sacola ou qualquer outro recipiente seria inviável.
Antes de se falar em extinção, é inevitável haver a substituição por algo que não impacte ainda mais no preço dos produtos finais.
Katia Maraschi é economista, especialista em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas e Mestre em Administração pela Univali. katia@kmassessoria. com.br
Fonte: ABIEF